2014
Confesso que é um pouco emocionante voltar ao início de tudo. Cerca de um mês após o 7 a 1 eu adentrava a Universidade Nove de Julho – Uninove pela primeira vez, aos 18 anos de idade. Era o início de um sonho: ser um dia colunista da Folha de São Paulo; e depois ocupar o mesmo cargo no The New York Times. O motivo? Clichê.
Ora, se era pra ser jornalista, eu queria trabalhar no veículo mais prestigiado do Brasil — e queira você ou não, a carteirada da Folha é forte. E o topo da carreira seria no veículo mais prestigiado do mundo — e o NYT tem essa pravata.
Também era por puro clichê que eu era fã de Nova Iorque. Vinha de um fanatismo pelos Estados Unidos (também só por ser o principal país do Ocidente). Não sabia em qual editoria me especializar, mas sabia que, como um profissional sério, eu precisaria estar nesses dois jornais.
Até que, um mês depois, rolou a Semana da Comunicação, na Uninove. Num dos dias, o assunto era Jornalismo de Games. Pronto, tudo mudou.
“Como assim ‘jornalismo de games’?” eu pensava. “Sites de games não são feitos por fãs que trabalham de dia?” Flávia Gasi e Igor Andrade deram aula naquele dia. E aí eu comecei a olhar com outros olhos para meu hobby preferido.
Eu jogo videogame desde criança. Nunca fui tão bom, mas gostava da experiência. Quando eu descobri que era possível “viver disso”, pensei: por que não? Seria a vida dos sonhos.
E, sim, realmente seria. Digo no pretérito imperfeito porque só consegui ter um pequeno vislumbre, mas eu sei que apesar da labuta do trabalho, eu teria amado viver de games. Daquele momento em diante, eu comecei a buscar por esse sonho, mas frequentemente acabava desviando do foco por inúmeras razões.
Vi o Minecraft como uma boa ferramenta para expressar minha criatividade. E em outubro, abri meu primeiro canal no YouTube.
2015
Uma vez minha filha me perguntou como eu dividiria minha vida em temporadas? Seria mais ou menos assim:
- 1ª Temporada (0 a 11 anos): infância.
- 2ª Temporada (12 a 18 anos): criação de conteúdo para a internet.
- 3ª Temporada (19 anos em diante): ansiedade.
O ano de 2015 é o início da terceira temporada. Dois reis muito fortes começaram a imperar em mim. O primeiro me incentivava a gravar vídeos de Minecraft e ser feliz (e eu era!). O segundo me dizia: “Minecraft? Você está fazendo faculdade de Jornalismo. Cresça!”.
Durante o ano inteiro esses dois reis entravam em batalha na minha mente. E tudo piorava quando nos intervalos das aulas os colegas mencionavam ideias bem legais na área da comunicação. E eu só pensava em Minecraft.
Mas, então, por que fazer Jornalismo se eu só quero jogar um minezinho? Meu psicológico gritava. Até que, no final do ano, eu desapeguei de vez do New York Times e da Folha e decidi ser um jornalista de games.
2016
O Eu e Meu Controle era um veículo de comunicação sobre games e tecnologia que eu lancei em 1° de janeiro de 2016. Sua proposta era trazer notícias, publicar reportagens e, claro, postar vídeos de Minecraft e outros jogos no canal. Sabe o que eu fiz com o primeiro canal? DELETEI!
Eu sinto vontade de morder a testa quando me lembro disso. Naquela época eu me desfazia de coisas sem qualquer motivo aparente. Eu mudava o foco e queria varrer pro void tudo o que veio antes. Isso foi um erro, porque havia muito de mim em cada criação que eu lançava. Naquele canal estava o primeiro vídeo que eu gravei na minha vida, que só está na minha memória. Eu me lembro do quão ruim ele era… O que eu não daria para vê-lo novamente e perceber o quanto evoluí?
Bom, mas vida que segue. O Eu e Meu Controle era a bola da vez! Ano novo, projeto novo, desafios novos. Eu acompanharia transmissões de eventos, acessaria os principais portais todos os dias, tentaria entrevistar pessoas e… Bom, fazer tudo. Impossível dar certo. O Eu e Meu Controle não era um simples blog. Tinha a proposta de ser um portal completo. E é possível uma pessoa tocar um portal 100% sozinha? Negativo.
Então, seria o correto a se fazer? Reduzir o projeto. Não tinha acionistas, investidores, conselho, nada disso. Então bastava eu dizer “puts, não vou conseguir manter isso aqui. Vou remodelar tudo e voltar mês que vem”. Mas isso sequer passou pela minha mente.
Em abril de 2016, eu tirei o site do ar e deletei o canal do YouTube. Anos depois, eu descobri um vídeo perdido num HD externo e o republiquei como "não listado". Veja-o abaixo.
Eu estava de volta à estaca zero, sem canal, sem conteúdo. E me dispus a não sair de lá, tamanha sensação de injustiça que eu, no auge do meu ego de 20 anos, sentia.
2018
É realmente uma pena que eu não tenha nenhum vídeo para apresentar nesta narrativa, mas pelo menos em 2018 as coisas foram diferentes e, finalmente, eu tenho como mostrar.
Em abril, eu me tornei redator do site GameBlast (que, na época, possuía os verticais Playstation Blast e XboxBlast — além do NintendoBlast, que segue até hoje). Foi a minha primeira experiência como jornalista. E como eu me orgulho dessa época.
No GameBlast, todo trabalho era voluntário e remoto, mas havia processos muito bem estabelecidos que permitiam um bom fluxo de produção. Só conseguíamos utilizar fontes secundárias, mesmo assim eu me sentia vivo cada vez que investigava e escrevia. A minha primeira notícia foi ao ar em 25 de abril, e de vez em quando eu a visito para lembrar de como tudo começou.
Mas o destaque mesmo foi a cobertura do lançamento do jogo PES 2019. Particularmente, sempre foi um dos meus jogos preferidos e a proximidade da empresa desenvolvedora com o público brasileiro só aumentava desde 2011. Em 2018, eles patrocinaram o São Paulo Futebol Clube como estratégia de divulgação para o PES 2019, e lá estava eu no CT do clube para acompanhar o anúncio.
A matéria era de Flávio Augusto Priori e eu fiquei responsável pelas imagens. Ela foi publicada em 1º de agosto de 2018. Mas a cobertura não parou por aí.
Em 7 de agosto, a empresa encerrou o tour de lançamento do jogo e escolheu justamente a cidade de São Paulo para isso. Eu não poderia ser mais grato. Novamente o GameBlast me escalou para fazer a cobertura do evento de lançamento, na Red Bull Arena.
A jornada chegou ao fim com a minha análise do jogo. O GameBlast me forneceu a chave para que eu pudesse jogar e elaborar o material. O resultado está nesta publicação, que foi ao ar em setembro de 2018.
2019
Apesar de, até então, tudo terem sido flores com o GameBlast em 2018, eu imergia numa crise financeira. Isso me fez adotar uma rotina que, infelizmente, drenou o meu tempo e me tirou do corpo de redatores do veículo em fevereiro de 2019.
Porém, eu queria me manter no game. Então, no mesmo mês eu ingressei na redação do portal Torre de Controle, que funcionava de modo semelhante ao GameBlast. O grande problema era que o problema financeiro e a rotina persistiam, então tecnicamente nada mudou.
Mesmo assim eu me dediquei e produzi uma análise do jogo Hardcore Maze Cube, que posteriormente teve seu nome alterado para Darkness Maze Cube. O material também ficou muito interessante, pois consegui uma entrevista exclusiva com o criador do game. Uma fonte primária! Não que eu nunca tivesse entrevistado uma fonte primária, pois no evento de lançamento do PES eu entrevistei o produtor do game, mas neste caso a entrevista foi exclusiva.
Infelizmente, esta foi minha única contribuição para o Torre de Controle. Percebendo que eu não daria conta de me manter entre os redatores, solicitei meu desligamento com uma profunda dor no coração (e prometendo a mim mesmo retornar um dia).
Nunca consegui cumprir essa promessa, pois os caminhos mudaram nos anos seguintes.
2020
Quando a pandemia estourou, eu trabalhava numa loja de games na rua Santa Ifigênia. Com o decreto do lockdown, meu patrão fechou a loja por tempo indeterminado e eu fiquei em casa. Então, tive a ideia de lançar um curso de edição de vídeos.
Nunca cheguei a lançar, pois meu conhecimento em lançamento era zero. Sim, eu aprendi muita coisa sozinho com os materiais gratuitos do Érico Rocha e do Pedro Sobral, mas não passei da criação de conteúdo gratuito.
No caso, eu postava tutoriais de edição num canal que abri naquele ano, o GNR Video.
Digamos que o GNR Video “não deu certo” porque não cheguei a lançar o curso, mas gostei dos tutoriais que publiquei lá. Essa, inclusive, é a razão por eu nunca ter excluído o canal, como fiz com os anteriores. Além do mais, é um canal que atesta meu conhecimento audiovisual.
No segundo semestre de 2020, retomamos as atividades presenciais da loja e o canal paralisou para sempre.
2021
No final de 2020, me formei. Em maio de 2021, abri meu CNPJ (MEI) porque surgiu uma oportunidade de trabalho freelancer de redator SEO. Eu nem sabia como escrever um artigo SEO, mas fiz alguns cursos rápidos, mergulhei de cabeça e, no mês seguinte, minha agenda já estava cheia. Não parei mais.
2022
Em janeiro, lancei minha marca, a WGunnar. Só lancei mesmo, porque o registro não tem até hoje. Aperfeiçoei minha redação, meu conhecimento sobre SEO e conteúdo para web e prospectei muitos clientes.
Fui crescendo, contratei redatores e revisores para me ajudarem com a demanda e, desde então, sigo neste ofício.
2024
Em 1° de julho de 2024, iniciei minha aventura na prestação de serviços audiovisuais, mais especificamente na edição de Vídeos Curtos Roteirizados (VCR), que são os vídeos verticais para Reels e TikTok.
Dei o meu melhor para os poucos clientes para quem trabalhei até dezembro — e só interrompi o serviço porque minha placa de vídeo foi de arrasta. Mas não era pra menos, era uma GTX 960 que comprei em 2016. Ela mais que deu conta durante esses 8 anos de uso intenso.
Alguns dias após o falecimento da placa, uma cliente de 2021, de redação SEO, entrou em contato. Fechamos um acordo e retornei definitivamente para o marketing de conteúdo.
2025
Hoje, sigo como redator SEO, mas trabalhando sozinho, sem equipe, pegando demandas pontuais. Ocorre que, após 4 anos atuando nesta área, sinto que chegou o momento de voltar às notícias.
Considere que, ao longo desses 10 anos, eu produzi conteúdo nos seguintes formatos:
- Escrita
- Matérias
- Coberturas
- Artigos SEO
- E-books
- Textos para redes sociais
- Textos para sites
- Audiovisual
- Vídeos para YouTube
- Tutoriais sobre edição de vídeos
- Prestação de serviços de edição audiovisual
Agora, é hora de eu tirar a poeira do meu diploma e voltar ao mercado de trabalho jornalístico, mais precisamente como repórter. Minha trajetória me fez desenvolver uma noção muito ampla das nuances de cada formato de conteúdo, e é hora de prestar este serviço a um veículo.